Saindo do atraso
Sinopse: Filho de um dos quatro deuses de
Kurgala, Adapak vive com o pai em sua ilha sagrada, afastada e adorada pelas
diferentes espécies do mundo. Lá, o jovem de pele absolutamente negra e olhos
brancos cresceu com todo o conhecimento divino a seu dispor, mas consciente de
que nunca poderia deixar sua morada.
Ao completar dezenove anos, no entanto,
isso muda.
Testemunhando a ilha ser invadida por um
misterioso grupo de assassinos, Adapak se vê forçado a fugir pela vida e se
expor aos olhos do mundo pela primeira vez, aplicando seus conhecimentos e uma
exótica técnica de combate na busca pela identidade daqueles que desejam a
morte dos Deuses de Kurgala.
Há
quem diga que um autor brasileiro não pode escrever um livro bom. Então...
vamos fazer essas pessoas se engasgarem com O
Espadachim de Carvão?
Affonso Solano, uma rapaz barbado e que faz caretas legais, nos apresenta, de maneira sensata e coesa, um mundo novo chamado Kurgala, dividido em cinco continentes e habitado pelas mais estranhas espécies de plantas e criaturas loucas que você, caro leitor de fantasia, possa imaginar. Lá vive um rapaz de 19 ciclos (creio que seriam nossos anos terrestres), de pele negra e completamente diferente de qualquer outra criatura dali, chamado Adapak. Ele é filho de um Dingirï ─ um dos deuses de Kurgala; ao todo são quatro, mas não parei para decorar o nome deles.
A história começa com o herói combatendo um grupo de guandirianos (que chamo de morcegões)
com suas espadas gêmeas, Igi e Sumi, feitas de osso de anbär ─ uma das maiores criaturas de
Kurgala, mas acho que ainda perdem para os mursuazagues
(vermes-do-mar gigantes). Já no capítulo seguinte, percebe-se que a história
muda para o passado, e encontramos um Adapak apaixonado salvando sua amada,
T’arish, das garras de quatro gisbanianos
(homens-cabeça-de-arco) que queriam sacrificá-la como oferenda, vejam só, ao Pai de Adapak, Enki’ När (indescritível),
um Dingirï. Depois disso, percebe-se a alteração dos momentos; um capítulo fala
do “presente” da história e outro do “passado”, por assim dizer.
O que torna a história ainda mais empolgante são as
viagens de Adapak e os perigos que ele enfrenta, os “amigos” que encontra e
desencontra e cada sentimento que é expresso tanto por ele como pelos que o
cercam no decorrer do livro.
É um personagem incomum em muitos sentidos: tem uma pele
negra como a argila mais escura, é careca, não tem orelhas ou nariz, apenas
cavidades por onde passam o som e os odores; é ingênuo, inocente em vários
sentidos, porém um ótimo lutador e talvez a pessoa mais sincera de toda
Kurgala. Afora que, sendo filho de “Um dos Quatro”, as pessoas nunca
acreditavam quando dizia que não sabia o que era, principalmente quando dizia
de quem era filho.
Affonso, hoje em dia, é considerado o Rei da Literatura
Fantástica Nacional, e isso tudo só por causa desse livro ─ mentira, tem mais
motivos, mas são tantos que vou usar o livro só pra resumir. Eu que sou meio
lesado lendo, mas a gente dá um jeito nisso, um dia. Passei umas três, quatro
semanas lendo O Espadachim, e me
arrependo. Levando em conta que comecei a lê-lo quando foi lançado e desisti,
porque não entendia nada e acabei perdendo a paciência. Maior burrada da minha
vida, e reconheço isso hoje, com esta resenha.
Então, se eu fosse você, não cometia o mesmo erro; corre
e vai ler O Espadachim de Carvão, do
Affonso Solano, porque já tem continuação nas prateleiras das livrarias só
esperando pra ser lido, viu? O Espadachim
de Carvão e As Pontes de Puzur é um lançamento desse mês (setembro) pelo
selo Fantasy da editora LeYa e
promete continuar uma das maiores aventuras já criadas por um brasileiro.
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