Bruxos brasileiros
Sinopse: O ano é 1997. Em meio a um intenso tiroteio, durante uma das épocas mais sangrentas da favela Santa Marta, no Rio de Janeiro, um menino de 13 anos descobre que é bruxo. Jurado de morte pelos chefes do tráfico, Hugo foge com apenas um objetivo em mente: aprender magia o suficiente para voltar e enfrentar o bandido que está ameaçando sua família. Neste processo de aprendizado, no entanto, ele pode acabar por descobrir o quanto de bandido há dentro dele mesmo.
Sabe
quando o livro é muito bom, maravilhosamente incrível, a ponto de te deixar
quase sem palavras para falar sobre ele? Sim, este é o livro. A Arma Escarlate me deixou quase sem
palavras, pode ter certeza. Mas vou as poucas que me restaram: com certeza, J.
K. Rowling ficaria de queixo caído se lesse a história do garoto Hugo, o
morador de uma favela do Rio de Janeiro que virou uma escola inteira de bruxos
de cabeça para baixo.
Renata Ventura, uma moça muito simpática que tive o
prazer de conhecer no ano passado (2014), na Bienal do Livro do Ceará, em
Fortaleza, teve a ousadia de apostar em algo original baseado no que já existia
e, fazendo isso, conseguiu resultados inimagináveis. Sim, seu primeiro livro
tem muito a ver com Harry Potter, o bruxinho inglês que o mundo inteiro ama, o
que não quer dizer que seja uma cópia barata daquela história. Não é.
Hugo, o protagonista, é filho de uma azêmola ─ não-bruxa
─, tem 13 anos e mora em uma favela. Mas, graças a um ataque policial, ele
descobre que é bruxo e que deve ir para uma escola de bruxaria que fica dentro
do Corcovado.
A história se torna ainda mais surpreendente a partir do
momento em que descobrimos os Pixies, os Anjos e muitos outros personagens e
criaturas de extrema influência e importância na vida do personagem principal.
Dividido em duas partes, A Arma Escarlate é uma Fantasia cheia de suspense, gírias e
sotaques de vários estados brasileiros ─ visto que Korkovado é a escola da
região Sudeste ─, feitiços em dialetos que poucos brasileiros conhecem e
histórias de culturas que tem tudo a ver com o Brasil. Um livro que, por
experiência própria, é capaz de fazer você, leitor, passar noites em claro,
sentir medo de estar sozinho em determinados lugares (como seu quarto, no
escuro, às duas da manhã). Não é um livro de terror, mas o suspense é tanto
que, incrivelmente, consegui terminar o livro em menos de duas semanas. Pasme.
No mais, o que a Renata nos propõe, principalmente com a
segunda parte do livro, é que vejamos ainda mais a realidade em que vivemos,
não só no Brasil, mas no mundo inteiro, por ser a parte em que é retratado o
tráfico de drogas, os efeitos que a cocaína causa, tanto em seus usuários como
em seus traficantes, e as diversas formas pelas quais ela pode destruir sua
vida e a de quem você gosta. Outra reflexão é de que você deve ser mais aberto
a opiniões e amizades e não agredir os animais. E, claro, há muito de realidade
em uma ficção do que realmente achamos que há no mundo real; isso você só vai
descobrir se ler o livro.
Ah, e já tem continuação, viu? Na verdade, A Arma Escarlate foi lançado em 2012,
pela editora Novo Século, teve sua continuação, A Comissão Chapeleira, lançada em 2014 e a autora já está
trabalhando em um terceiro livro para essa série que promete ser uma das
melhores que a literatura fantástica nacional já conheceu. Até lá, os leitores
ficam na expectativa, se divertindo com os personagens em conversas animadas,
enquanto esperam cada nova fase da história.
Autora: Leitora voraz desde a infância, Renata Pacheco Ventura sempre quis ser escritora. Nascida no Rio de Janeiro, em 1985, trabalhou por três anos fazendo pesquisa e roteiro para cinema documentário antes de decidir se dedicar exclusivamente a seu primeiro livro. Nesse meio tempo, implementou uma forma de interação com seus leitores, em que eles podem conversar virtualmente com alguns dos personagens do livro através de redes sociais; fazendo-lhes perguntas, batendo um papo descompromissado ou até mesmo tentando descobrir segredos da trama do livro.
Seu objetivo como
escritora é contar histórias que divirtam e, ao mesmo tempo, façam o leitor
refletir sobre si mesmo e sobre o mundo à sua volta...
Comentário de escritor:
“Renata Ventura concede sua marca de
originalidade criando um particular universo com elementos que já conhecemos,
dando provas de que isso é mais do que criatividade. É criatividade com bom
senso e uso de uma ousada elaboração. Autora engenhosa!” – Humberto Efieli
Livro: A Arma
Escarlate
Autora: Renata Ventura
Texto: Alexandre de Almeida
Fotos: Humberto Efieli
Fonte: Skoob
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