quarta-feira, 4 de novembro de 2015

#review12 - "A Arma Escarlate", de Renata Ventura

Bruxos brasileiros


Sinopse: O ano é 1997. Em meio a um intenso tiroteio, durante uma das épocas mais sangrentas da favela Santa Marta, no Rio de Janeiro, um menino de 13 anos descobre que é bruxo. Jurado de morte pelos chefes do tráfico, Hugo foge com apenas um objetivo em mente: aprender magia o suficiente para voltar e enfrentar o bandido que está ameaçando sua família. Neste processo de aprendizado, no entanto, ele pode acabar por descobrir o quanto de bandido há dentro dele mesmo.
Sabe quando o livro é muito bom, maravilhosamente incrível, a ponto de te deixar quase sem palavras para falar sobre ele? Sim, este é o livro. A Arma Escarlate me deixou quase sem palavras, pode ter certeza. Mas vou as poucas que me restaram: com certeza, J. K. Rowling ficaria de queixo caído se lesse a história do garoto Hugo, o morador de uma favela do Rio de Janeiro que virou uma escola inteira de bruxos de cabeça para baixo.

Renata Ventura, uma moça muito simpática que tive o prazer de conhecer no ano passado (2014), na Bienal do Livro do Ceará, em Fortaleza, teve a ousadia de apostar em algo original baseado no que já existia e, fazendo isso, conseguiu resultados inimagináveis. Sim, seu primeiro livro tem muito a ver com Harry Potter, o bruxinho inglês que o mundo inteiro ama, o que não quer dizer que seja uma cópia barata daquela história. Não é.
Hugo, o protagonista, é filho de uma azêmola ─ não-bruxa ─, tem 13 anos e mora em uma favela. Mas, graças a um ataque policial, ele descobre que é bruxo e que deve ir para uma escola de bruxaria que fica dentro do Corcovado.
A história se torna ainda mais surpreendente a partir do momento em que descobrimos os Pixies, os Anjos e muitos outros personagens e criaturas de extrema influência e importância na vida do personagem principal.
Dividido em duas partes, A Arma Escarlate é uma Fantasia cheia de suspense, gírias e sotaques de vários estados brasileiros ─ visto que Korkovado é a escola da região Sudeste ─, feitiços em dialetos que poucos brasileiros conhecem e histórias de culturas que tem tudo a ver com o Brasil. Um livro que, por experiência própria, é capaz de fazer você, leitor, passar noites em claro, sentir medo de estar sozinho em determinados lugares (como seu quarto, no escuro, às duas da manhã). Não é um livro de terror, mas o suspense é tanto que, incrivelmente, consegui terminar o livro em menos de duas semanas. Pasme.
No mais, o que a Renata nos propõe, principalmente com a segunda parte do livro, é que vejamos ainda mais a realidade em que vivemos, não só no Brasil, mas no mundo inteiro, por ser a parte em que é retratado o tráfico de drogas, os efeitos que a cocaína causa, tanto em seus usuários como em seus traficantes, e as diversas formas pelas quais ela pode destruir sua vida e a de quem você gosta. Outra reflexão é de que você deve ser mais aberto a opiniões e amizades e não agredir os animais. E, claro, há muito de realidade em uma ficção do que realmente achamos que há no mundo real; isso você só vai descobrir se ler o livro.
Ah, e já tem continuação, viu? Na verdade, A Arma Escarlate foi lançado em 2012, pela editora Novo Século, teve sua continuação, A Comissão Chapeleira, lançada em 2014 e a autora já está trabalhando em um terceiro livro para essa série que promete ser uma das melhores que a literatura fantástica nacional já conheceu. Até lá, os leitores ficam na expectativa, se divertindo com os personagens em conversas animadas, enquanto esperam cada nova fase da história.




Autora: Leitora voraz desde a infância, Renata Pacheco Ventura sempre quis ser escritora. Nascida no Rio de Janeiro, em 1985, trabalhou por três anos fazendo pesquisa e roteiro para cinema documentário antes de decidir se dedicar exclusivamente a seu primeiro livro. Nesse meio tempo, implementou uma forma de interação com seus leitores, em que eles podem conversar virtualmente com alguns dos personagens do livro através de redes sociais; fazendo-lhes perguntas, batendo um papo descompromissado ou até mesmo tentando descobrir segredos da trama do livro.
Seu objetivo como escritora é contar histórias que divirtam e, ao mesmo tempo, façam o leitor refletir sobre si mesmo e sobre o mundo à sua volta...

Comentário de escritor: 
“Renata Ventura concede sua marca de originalidade criando um particular universo com elementos que já conhecemos, dando provas de que isso é mais do que criatividade. É criatividade com bom senso e uso de uma ousada elaboração. Autora engenhosa!” – Humberto Efieli
Livro: A Arma Escarlate
Autora: Renata Ventura
Texto: Alexandre de Almeida
Fotos: Humberto Efieli
Fonte: Skoob




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